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O Varejo e a Biofilia

Como seres humanos temos uma necessidade física e emocional de contato com a natureza. Segundo o ecólogo, Edward O. Wilson define como Biofilia, essa ligação emocional que os seres humanos têm com outros organismos vivos e com a natureza e o desejo instintivo de se afiliar a outras formas de vida.

O termo Biofilia vem literalmente do grego bios, vida e philia, amor, que significa “amor pela vida”. Nós nos relacionamos com o ambiente que nos rodeia de diversas formas e com diferentes intensidades, impactada pelas experiências pessoais, sociais e culturais no qual o estamos inseridos e vivemos desde a primeira infância. Nesse sentido, esse termo é compreendido como uma perspectiva científica, da atração pela natureza como um princípio evolutivo, embora seja uma tendência genética, há a necessidade de reforçar o contato com a natureza para que essa conexão se perpetue.

E qual a relação disso com o varejo?

Comprar é uma experiência altamente emocional, que vai muito além do ato propriamente dito de comprar. E em um mundo impactado por novas tecnologias de vendas e  gerações de consumidores que estão cada vez mais preocupados em SER/ SENTIR do que em TER, faz com que lojas e centros comerciais ofereçam mais que produto, e sim experiências.

Na arquitetura, uma estratégia que busca reconectar as pessoas com o ambiente natural é o design biofílico. Ele é um complemento para a arquitetura verde, que diminui o impacto ambiental do mundo construído, além de estabelecer uma experiência satisfatória com a natureza dentro desses espaços.

Assim, a arquitetura biofílica pode exercer uma função preponderante, uma vez que a presença de elementos naturais no ambiente de compra inibe o tédio, e incentiva o cliente a gastar mais tempo e, consequentemente, mais rentabilidade nos estabelecimentos, quando bem selecionadas, as vegetações e suas representações diretas e indiretas, podem estimular o consumo dos clientes. Além disso, uma atmosfera mais confortável e relaxante cria um clima positivo, ajudando a ter funcionários mais motivados que geram engajamento.

Algumas formas de aplicar a biofilia no varejo:

PAISAGISMO DE PERFOMANCE

A vegetação desperta os cincos sentidos: A visão por meio da estética, o conforto acústico, o olfato, o tato e até o paladar quando tratamos com árvores frutíferas. Um projeto com boas escolhas de vegetação e local adequado, utilizando mix de vegetações naturais com tecidos, musgos e arranjos gera bons resultados visuais e financeiros, acarretando uma redução de custos promovida pela biofilia.

MATERIAIS NATURAIS

A primeira coisa que pensamos quando falamos em elementos naturais são as plantas. Inegavelmente é a nossa conexão imediata com a natureza, mas materiais orgânicos, como a madeira natural, pedra e bambu têm, gera respostas visuais e táteis no ambiente, como reduzindo estresse e aumentando atenção e interação do cliente com a loja, além de reproduzirem a variação sensorial que experimentamos na natureza.

ILUMINAÇÃO NATURAL

A luz natural equilibra nosso ritmo circadianos (que é o nosso ciclo biológico, sendo influenciado principalmente pela variação luz, temperatura. Regula nosso ritmo psicológico, temperatura do corpo, ou seja, nosso bem estar).

Segundo estudos publicados pelo conselho Mundial de Construção Verde, a loja iluminada pela luz do dia pode aumentar as vendas em 15-20%.  Também pode influenciar como os clientes percebem os produtos em exibição com a luz natural, favorecendo sua decisão de compra.

PERCEPÇÃO LOCAL

Com a economia global, temos os mesmos materiais e produtos disponíveis em qualquer lugar, isso pode gerar uma sensação de ausência de localização, para tanto, é interessante trazer para a loja e seu interior elementos e revestimentos locais que conectem a região. Por exemplo, se a edificação tiver na praia, o ideal é trabalhar uma decoração e materialidade praiana.

Loja Innisfree e Live, com técnicas de design biofílico. Uso de materiais naturais, iluminação natural e paisagismo de performance com foco na experiência de compra.

Apple store em Macau, na China. Uso de paredes em pedras translúcidas e predominância de bambu.